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5. Reações ao fechamento do Verbo Encarnado - O Papa está ciente da mudança


Um pouco mais de historia...


O encerramento de três casas de formação do Instituto do Verbo Encarnado na diocese de San Rafael, Mendoza, ordenado em Roma pelo comissário pontifício, o arcebispo de San Juan, Dom Alfonso Delgado, provocou reações, embora o vigário provincial dessa associação tenha assegurado que aceitaria a medida da Igreja.

Nas últimas noites, apoiadores do instituto, uma associação pública de fiéis que aspira a se tornar uma congregação religiosa, reuniram-se fora da sede do bispado de San Rafael - cuja cabeça é o bispo Guillermo Garlatti - para rezar pela suspensão do encerramento, previsto para 1 de fevereiro. A medida não inclui duas paróquias, uma escola e um lar para deficientes dirigidos pela instituição.

Por que fechar as casas de uma instituição que chamou muitos jovens de todo o país à um caminho exigente e iniciou missões em lugares distantes, como a Rússia, Israel e Nova Guiné? perguntam os seguidores. Nos círculos eclesiásticos, buscando não aprofundar as divergências, prevalece a discrição sobre um assunto que eles julgam complexo. Mas fontes próximas aos círculos episcopais indicam que os membros do instituto "têm dificuldade de aceitar qualquer autoridade da Igreja fora deles mesmos, seja dos bispos locais ou da Santa Sé".

Os seguidores da instituição reclamam de perseguição e não faltam os mais furiosos que atribuem a heterodoxia doutrinária aos bispos. Os membros gostam de usar a batina e as devoções tradicionais, e manter a comunicação entre si, em vários países, com uso diligente e atualizado da Internet, onde divulgam mensagens até mesmo em russo e chinês.

Os círculos episcopais acreditam que não há garantias suficientes para a formação de sacerdotes de acordo com as exigências da Igreja Católica. "Não lhes foi pedida uma única vírgula mais do que outras instituições similares que aspiram a ser uma congregação da Igreja", dizem eles.

Fundado em 1984, e ja no ano 1995 foi nomeado o primeiro comissário pontifício, o salesiano espanhol José Rico, e em 1998, o colombiano Vincentino Aurélio Londoño. Finalmente, em 1999, um bispo argentino, Alfonso Delgado, então diocesano de Posadas, foi nomeado também comissário, este ultimo formado no clero da prelatura do Opus Dei.

Uma impressão

Em uma homilia na época, Delgado disse que nenhum dos bispos que governaram San Rafael - Leon Kruk, que lhes deu a primeira permissão; Jesus Roldan, Candido Rubiolo e o atual, Garlatti - tinha conseguido em consciência conceder-lhes a aprovação diocesana, e isto indica que o problema - que a Santa Sé via como uma falta de "comunhão eclesial correta" - vai além dos indivíduos. Ele indicou que o Instituto "é lento para tomar consciência desta situação, talvez por causa de uma impressão que a marcou desde suas origens".

Em 1984, o Verbo Encarnado começou em San Rafael como um pequeno grupo de sacerdotes e seminaristas iniciado pelo Padre Carlos Buela, ordenado em 1971 na diocese de San Martín. Agora no Equador e sem posição de liderança, mas com forte influência sobre os membros, Buela reconhece-se como discípulo dos Padres Julio Meinvielle e Leonardo Castellani, padres que tiveram uma forte influência nos setores políticos nacionalistas.

Sem ficar confuso, o fenômeno está ligado a outro episódio que ocorreu em 1985. Monsenhor Estanislao Karlic, atual presidente do Episcopado e depois coadjutor do Paraná, ordenou reformas no seminário daquela cidade, nas quais alguns observaram uma atitude reticente em relação às orientações do Concílio Vaticano II. Naquela época, cerca de 30 seminaristas e alguns padres decidiram emigrar e se estabelecer em San Rafael, descontentes com as mudanças trazidas pelo Karlic.

Quando solicitado, Delgado se limitou a assegurar que "estas medidas foram tomadas de pleno acordo com o Santo Padre João Paulo II e todos os organismos e pessoas que trabalham sob o Papa" nesta matéria.

O Instituto

O Instituto do Verbo Encarnado foi fundado em 1984, em San Rafael, pelo Padre Carlos Buela, que em 1988 fundou o ramo feminino, os Servidoras do Senhor e a Virgem de Matará.

De acordo com suas constituições de 1997, os membros têm o propósito de seguir Jesus Cristo pela profissão dos votos de pobreza, castidade e obediência, e um quarto, de "escravidão mariana". Desde 1995, o instituto conta com três comissários pontifícios (tipo de auditores). O atual arcebispo Alfonso Delgado ordenou o fechamento de três casas de formação do instituto em San Rafael.


Jorge Rouillon


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