* Escrito por uma ex ssvm dos Estados Unidos em 'Servidoras do Senhor (SSVM) - Informação e experiência' em relação a realidade do aspirantado em seu país. Eu por minha parte reforço meu conhecimento sobre este tema nos demais aspirantados das SSVM.
O aspirantado
Resumo: As Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará dirigem o que elas chamam de "aspirantado", que são casas de formação para meninas de 14 anos, em tempo integral. Essas casas para meninas menores de idade são exclusivas das SSVM e não fazem parte da tradição ou prática católica. Vemos pelas experiências pelos anos que passam que essas casas estão transformando-se em um ambiente disfuncional, consequências de esta conclusão é que, onde está sendo deficiente o discernimento das vocações adultas, como será nos casos de menores de idades colocadas baixo a responsabilidade de pessoas tao jovens, sem experiências em comportamento no periodo da infancia e adolescencia, baixo a responsabilidades de jovens de 20 e 24 anos, etc. Até que ponto? essas casas são dirigidas por religiosas professas com votos temporais, cuja própria formação ainda não está completa, pessoas que de forma alguma deveriam estar encarregadas de formar a outras.
Primeiro definiremos o que é aspirantado. Afinal, a lei canônica não diz nada sobre isso dentro da vida religiosa, não da forma como as Servidoras utilizam, até onde verificamos não encontramos esse tipo de vida como em ordens religiosas, diferente seria se falarmos de escolas conventuais ou internados. É dizer, a palavra em quanto tal significa aspiração: aspirar a algo, ou seja, neste contexto, são meninas e meninos menores de idade que aspiram serem um dia religiosos e estão alí para que lhes ajudem a discernir essa "chamada", essa "aspiração". Este é um termo também usado para aqueles que pensam em entrar numa Ordem diretamente como postulante e logo noviço.
Este é o propósito convencional da palavra aspirantado na vida religiosa, e embora cada ordem tenha seus próprios limites e exigências de idade, geralmente está aberto à pessoas maiores de 18 anos (ou pelo menos aos já graduados do ensino médio).
Cada tempo de aspirantado é diferente em cada ordem religiosa ou mosteiro, mas é sempre o candidato adulto que vai adiante para pensar na vida religiosa, talvez vivendo no convento por um tempo, antes de tomar uma decisão. Não é considerada uma etapa de formação, mas uma etapa de investigação, de experiencia, e após este tempo de discernimento e acompanhamento maduro, com superiores experientes e responsáveis, onde o/a aspirante é ajudado, depois disso por sua livre adesão passará a etapa de formação religiosa só restrita aos adultos, ou seja, pessoas maiores de 18 anos.
O que vemos nas SSVM é difuso, a "casa aspirantado" como tal se poderia dizer é definido por eles mesmos como uma casa para meninas menores de idade que desejam ser religiosas, essa é uma explicação que tanto o IVE como as SSVM dão, mas que acaba sendo uma explicação um tanto generalizada, sem definição de processos e casos particulares das que ingressam alí. O que vemos por experiência é que meninas muitos jovens, -me atreveria a dizer por algumas que entram, inclusive em idade da infância e pré-adolescencia- (que bem poderia surgir aqui a questão sobre o quê diz o Código de Direito Canónico a respeito de meninas menores de idade? qual seria a idade minima permitida?). De igual modo contaria essas meninas com uma formação integral em sua idade infanto-juvenil, ademais de uma formação somente religiosa-catequética? já que estamos falando de uma etapa que não está definida, nem contemplada pela Igreja -como afirmamos acima- como uma etapa de formação propriamente religiosa.
Em tempos anteriores (estamos falando de décadas atras) os aspirantados não tinham limites de idade, assim como a vida religiosa não tinha limite de idade, e mulheres de todas as idades, mesmo tão jovens quanto meninas, podiam ser aspirantes. Desde então, a Igreja, em sua sabedoria, abandonou esta prática e restringiu a vida religiosa àqueles que têm maturidade espiritual e idade legal para discernir e determinar suas vocações desta forma.
Um exemplo patente podemos encontrar nos Estados Unidos o aspirantado das SSVM em Avondale, PA, não está em conformidade com a prática da Igreja. Isto é óbvio pela maneira como eles nao publicam em suas paginas webs a existencia de um aspirantado. Por quê?
Em primeiro lugar, embora o aspirantado seja muitas vezes referida como uma escola, está oficialmente listada como uma casa de formação nas paginas das servidoras.org. Na verdade, todos os aspirantados estão incluidos numa lista de casas de formação religiosa: ver Brasil, Egito, Equador, Peru, Argentina e Ucrânia (uma exceção é a Jordânia, que parece ser apenas uma omissão). No entanto, nos Estados Unidos não aparece em seus sites oficiais, será porquê culturalmente não é de todo aceitável. Mas, se as Servidoras acreditam firmemente o contrário, que sao realmente vocações por quê escondem a existencia do aspirantado em suas páginas webs? Por quê não há informações disponíveis publicamente? Encontramos uma discussão sobre isso em fóruns nos Estados Unidos.
Essas meninas são "recrutadas" entre 11 e 13 anos de idade para entrar no aspirantado, que na verdade a idade permitida seria a partir dos 14 e 18 anos. Isto significa que o IVE e as SSVM moldarão completamente a experiência espiritual destas meninas bem cedo.
E para esclarecer, tratando-se da realidade daqui dos Estados Unidos, o aspirantado não é uma escola com um convento anexo, que é uma prática educacional católica normal, que a gente encontra em muitos lugares, tampouco é um internado. As meninas têm aulas online no colegio em combinação com uma educação em casa por parte de uma irmã. No meu tempo a irmã encarregada do aspirantado era a Irmã Éfeso que só professou os votos perpetuos quando já era formadora do aspirantado. Normalmente os formadores em Ordens religiosas têm anos de experiências na vida religiosa antes de dirigir casas de formação, mas nas SSVM não existe esse padrão, sao eleitas religiosas muios jovens como diretoras vocacionais (encarregadas de conversar com meninas leigas e animar-las a entrar na vida religiosas), assim como as superioras em outros lugares (Pode-se ver o testemunho de Kelly Fitzharry).
Sejamos claros: pode ser um processo abusivo no espiritual, no psicológico, no emocional e no acadêmico para estas meninas menores de idade serem chamadas de religiosas ou fazê-las pensar desde o primeiro momento que estão entrando na vida religiosa com 11 anos, quando na verdade somente têm um desejo de fazer uma experiência, que lhes ajudem em um processo serio de discernimento em sua vocação. Por outra parte me parte o coração que famílias estejam sendo manipuladas pelas Servidoras para aceitar isso como uma tradição da Igreja, quando na verdade a ideia do aspirantado apresentada pelas SSVM e ajudado pelo IVE é algo más de sua própria autoria que da tradiçao habitual da Igreja.
As experiencias escritas por alguns membros tanto em Iveinfo como neste Blog atestam que a Família Religiosa do Verbo Encarnado é um ambiente completamente disfuncional, vemos o bastante difícil que está sendo para os membros e ex membros adultos por suas experiências dolorosas como para permitir que crianças sejam conduzidas por pessoas na sua maioria mal preparadas quando existem opções perfeitamente saudáveis como as escolas católicas, o ensino doméstico ou os programas de educação religiosa paroquial disponíveis.
Basicamente, quer fiquem ou partam, estas meninas crescerão com a mentalidade do IVE/SSVM e será a única com a qual elas serão dotadas, pois muitos criticam sem piedade até mesmo outros setores dentro da Igreja com tal de defender ao IVE/SSVM. Não é justo para os jovens católicos dar-lhes esse modelo e de como sua fé deve funcionar.
A única menção que encontrei faz algum tempo sobre o aspirantado encontrado aqui nos Estados Unidos:
Resumindo: o IVE e as SSVM criaram instituições onde a vida religiosa começa essencialmente com a idade de 14 anos (ainda que aceitam crianças de 11 anos). Mas... recebem uma ajuda, um processo sério de discernimento e formação adequados? respeitam a autoridade dos pais dessas crianças, ou seja, respeitam como católicos e religiosos que são a santidade da Igreja domestica: a familia, ou interferem e até mesmo debilitam a relação familiar?
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