Amor à Congregação - Padre Pablo Rossi
O nome da palestra é 'Amor à Congregação', consta simplesmentede duas partes, a primeira parte são textos que contam a história e as anedotas da fundação dos jesuítas e a segunda, um comentário sobre dois cânones do Código de Direito Canônico.
Bem, e a
idéia é que nós do Verbo Encarnado ou Servidoras do Senhor fazemos exatamente o
mesmo, ou seja, para nós é exatamente o mesmo! Não vamos demonstrar aqui esta tese
no que diz respeito aos jesuítas, vamos simplesmente mostrá-la, ou pelo
menos sugeri-la, lendo alguns textos de testemunhos desta fundação. Algumas das
leituras que utilizaremos são, alguns que foram escritos pelos fundadores e outros por comentaristas:
(De Tejada, 2002; Arrupe, 1970; Laínez, Polanco, Nadal; Capítulos Gerais dos
Jesuítas, etc.).
1. A Companhia de Jesus é o resultado do amoroso chamado de Jesus presente em seu vigário para aquele grupo de amigos no Senhor e sua resposta incondicional a esse chamado abrangente, ou seja, Jesus chama em seu vigário, no Papa, e o Papa se dirige a um grupo de amigos e diz: "Eu preciso que vocês façam isso...", vemos aqui que o Papa se dirige a um grupo. Por sua vez, Inácio seguía o espírito e não se adiantava e desta forma foi conduzido suavemente para aonde não sabia, não pensava naquele preciso momento em fundar uma Ordem, no entanto pouco a pouco o caminho foi abrindo-se a ele e ele o percorria, sabiamente ignorante, simplesmente colocando seu coração em Cristo, não se adiantava, mas ia ouvindo o que Cristo lhe pedia e ia cumprindo sabiamente ignorante, tanto que o nome 'Compañia de Jesus' já estava presente antes da fundação, pois no começo eles eram apenas um grupo de amigos.
Outro
testemunho: E antes de chegarem a Roma, tomaram o nome de 'Companhia de Jesus', e
enquanto discutiam entre si de como se chamariam a si mesmos quando fossem perguntados que Congregaçao eram, que consistia de 9 ou 10
pessoas, começaram a rezar e a pensar em que nome seria mais conveniente, e
vendo que não tinham uma 'cabeça' entre si, nem nenhum outro superior além de Jesus
Cristo a quem apenas desejavam servir, pareceu-lhes que deveriam tomar o nome daquele
que era sua cabeça. Inácio teve tantas visitas Daquele cujo nome levavam e
tantos sinais de Sua aprovação e confirmação deste nome que o ouvi dizer
ao mesmo que pensava que estava indo contra Deus e o ofenderia se
duvidasse que este nome fosse adequado. Disse-lhe e lhe
escribi sobre a mudança porque alguns diziam que nos equiparávamos a Jesus
Cristo como seus companheiros e camaradas e outras coisas, e ele me disse que
se todos os membros da Companhia julgassem juntos que este
nome deveria ser mudado, ele nunca concordaria, pois como está nas
constituições que se um membro discorda, nada deve ser feito, è dizer, este nome nunca será
mudado em seus dias. Inácio estava certo de que esta era a vontade de Deus. E
esta certeza inabalável é o que Padre Inácio costumava ter em coisas que são
superiores à maneira humana, e assim, em tais coisas, ele não cedeu a nenhuma
razão.
Não dizemos Companhia de Jesus como se nos arrogássemos o título de companheiros de Jesus, mas a forma como uma Companhia ou tribunal militar normalmente tira o nome de seu capitão é neste sentido como nós, por Institutos, desejamos seguir nosso capitão, portanto seu significado não é o de companheiros de Jesus, mas o de companheiros a serviço de Jesus. Santo Inácio nunca fala de companheiros de Jesus, mas de amigos no Senhor.
Nosso reverendo padre, diz outro testemunho, por sua própria iniciativa, propôs a todos os seus companheiros e lhes pediu sinceramente que, antes de tudo e sem nenhuma constituição, nossa empresa fosse chamada de Companhia de Jesus, o que agradou a todos.
As Constituições sempre falam do companheiro e dos companheiros e sempre que falam do companheiro ou dos companheiros se referem aos jesuítas como companheiros de outros jesuítas, nunca designam o jesuíta como companheiro de Jesus, esta denominação que certamente pressupõe a união íntima com Cristo, o chefe ou líder da Companhia, significa sem dúvida companheiros de outros jesuítas a serviço de Jesus.
Segundo o Capítulo Geral n. 34, os primeiros jesuítas - no final do século passado - seriam enviados, na medida do possível, em grupos de pelo menos dois, seguindo o exemplo de Jesus, mas mesmo quando fossem dispersos os laços de união com os superiores e entre si permaneceriam fortes através da comunicação constante e das cartas incitadas por Inácio e, de forma especial, através do relato de consciência. Xavier, atarefado e longe de Roma, nas Índias, diz de forma sucinta: "Companhia de amor". Como Santo Inácio insistiu que eles eram companheiros e que a companhia tinha que ser preservada, mesmo que dois ou um fossem enviados para longe, eles ainda eram companheiros e sua companhia era a 'Companhia de Jesus' e não simplesmente outro jesuíta ao lado deles.
Os jesuítas
de hoje estão unidos porque cada um de nós ouvimos o chamado de Cristo, o rei
eterno, e desta união com Cristo flui necessariamente o amor mútuo, não somos
meramente companheiros de trabalho, somos amigos no Senhor. A comunidade a que
pertencemos é todo o corpo da Companhia, espalhado como está sobre a face da
terra. Como seu conceito de companheirismo é muito forte, eles têm
necessariamente que manter essa amizade entre si, essa unidade entre si para
cumprir sua missão. Estes são os jesuítas!
2. Nesta segunda parte comentaremos dois
cânones, em primeiro lugar, o cânon 577. Na Igreja existem muitos Institutos de
vida consagrada que receberam diferentes dons, segundo a graça própria de cada
um, porque seguem Cristo mais de perto, seja quando rezam, seja quando anunciam
o Reino de Deus, seja quando fazem o bem às pessoas, seja quando vivem com elas
no mundo, embora sempre cumprindo a vontade do Pai, então o que diz o cânon
577? que na Igreja existem muitos Institutos de vida consagrada que recebem
diferentes dons, e de acordo com estes diferentes dons seguem a Cristo de perto,
mas cada um de uma maneira diferente; um jesuíta segue a Cristo de uma maneira
diferente que um dominicano, de uma maneira diferente que um franciscano, de
uma maneira diferente que um carmelita, de uma maneira diferente como uma
freira ae Madre Teresa; todos seguem a Cristo de perto, mas cada um de uma maneira
diferente, de acordo com a graça própria de cada um, de tal forma que Deus dá
graças diferentes a cada Instituto para seguir a Cristo de perto, de acordo com
uma maneira particular. Uns orando, outros proclamando, outros fazendo o bem às
pessoas, outros vivendo com eles no mundo, sempre cumprindo a vontade do Pai.
Este é o cânon 577.
Cânone 578: "todos os Institutos devem observar fielmente a mente e o propósito dos fundadores", note-se que não é por acaso. Os cânones não foram postos ao azar e colocados de modo desordenados, seguem uma ordem precisa. O cânon 577 disse que cada um têm seus dons particulares, o cânon 578 diz que todos os Institutos devem observar fielmente a mente e os propósitos dos fundadores corroborados pelas autoridades eclesiásticas competentes, onde está sua missão própria, suas devidas graças, sua maneira própria de se unir a Cristo. Tudo isso está na mente e nos propósitos dos fundadores aos quais você tem que ser fiel, mas exatamente sobre o quê devemos ser fiéis? Sobre o tipo de alimento que você tem que comer? Não! Sobre pontos específicos e importantes, ou seja sobre a mente e os propósitos dos fundadores, sobre a natureza, propósito, espírito e caráter de cada Instituto. Em outras palavras, o fundador quis para o Instituto uma natureza, um propósito, um espírito e um caráter, e você tem que ser fiel a isso; assim como as suas sadias tradições, todas elas constituem o patrimônio do Instituto. É isso!
O cânon 577
diz que "os diferentes Institutos diferem uns dos outros porque recebem
dons diferentes do Espírito Santo, cada Instituto recebeu dons particulares
para seguir a Jesus de uma maneira particular, os religiosos seguem a Cristo mais
de perto, alguns imitam Jesus quando rezam, outros quando pregam, outros quando
fazem o bem às pessoas, etc., a maneira de seguir Cristo mais de perto é
diferente em cada Instituto, é por isso que Deus dá a cada Instituto dons
particulares".
O cânon 578 diz que devemos ser fiéis a essa particularidade, e, como nos tornamos fiéis aos dons particulares que o Espírito Santo nos concede? Observando fielmente a mente e os propósitos do fundador que se referem ao patrimônio do Instituto, que é formado por sua natureza, propósito, espírito e tradições sólidas, que são elementos concretos que indicam a forma como os membros do Instituto devem ser configurados a Cristo e assim fazendo deste modo visível para o mundo. É importante sublinhar que os dons que o Espírito Santo lhes dá para viver a vida religiosa são concretos e exigem uma fidelidade concreta, ou seja, se ele lhe dá o dom para ser uma Servidora, você tem que ser uma Servidora e não uma Carmelita, exemplo: se você recebe um carro, esse carro não é um carro genérico, é um carro concreto, e você tem que usá-lo, de acordo com essas características concretas e não como você quiser; Se você ganha uma Ferrari, não pode usá-la para transportar um container; se você ganha um caminhão, não pode usá-lo para uma corrida, ou seja, é algo concreto e tem uma maneira concreta de ser usado e ser fiel a esse dom implica ser fiel a essa maneira, portanto, você tem que ser fiel ao patrimônio de seu Instituto se quiser ser fiel à vida religiosa porque você recebeu esse dom.
Portanto, a
fidelidade à vida religiosa, que é fidelidade aos dons recebidos está ligada à
fidelidade à própria congregação, as graças da perseverança virão até você
através da própria congregação, a congregação é de alguma forma o elo através
do qual a graça de viver a consagração religiosa virá até você. Um dos nossos
documentos diz: "podemos, portanto, distinguir três níveis de discernimento
ou três formalidades..." É um documento que fala dos candidatos à vida religiosa, mas que
sem dúvida transcende o tema do discernimento, este documento pergunta se esse canditadato em
particular tem vocação, mas uma vocação para quê? para ser padre?
mas não só isto, para ser religioso? tambèm não é só isto, ese candidato deve ter uma vocação para
ser membro do IVE, devemos avaliar esta tripla vocação, se ele tem vocação para
ser um de nós. Assim, podemos distinguir três níveis de discernimento, três
formalidades que vão desde o mais genérico até o mais específico e concreto:
vocação ao sacerdócio, vocação a ser religioso e vocação a ser religioso do
IVE, estes três níveis não ocorrem separadamente, não são três vocações, senão uma, há uma informação mútua porque de fato o chamado divino é apenas um e é
para um Instituto concreto, são elementos inseparáveis quando há uma verdadeira
vocação, por isso estar tão profundamente unidos, desertar em um é geralmente um
sinal de que um começa a desertar no outro; como é uma vocação, é um chamado, é
um carro concreto, é uma unidade, mesmo que você veja formalidades diferentes são formalidades que na realidade concreta estão unidas em uma realidade,
então quando você começa a desertar em uma dessas formalidades você está
desertando na realidade concreta e, portanto, acaba desertando nas outras
também. Portanto, se você não for fiel à sua congregação, acabará não sendo
fiel à sua vida religiosa, assim como o ramo está unido à videira, assim
devemos estar unidos à natureza, ao propósito, ao espírito e às sólidas
tradições de nosso Instituto, o que significa estar unidos à mente do fundador.
Essa unidade é expressa e assegurada nos votos, que não estabelecem condições para
o futuro, então como expressar e assegurar essa fidelidade? nos votos! Eles não
estabelecem condições para o futuro, assim como o casamento é um compromisso
que não estabelece condições para o futuro, as condições podem ser para o
presente, mas nunca para o futuro. Em outras palavras, "vou me casar
porque ele me ama", eu não digo: "Vou me casar porque ele vai me amar
em dez anos", porque você não sabe se essa pessoa vai realmente te amar em
dez anos, mas você se casa e se compromete a amá-lo em dez anos, mas você não
sabe se ele vai te amar ou não, porque você não sabe se vai ser cumprido ou
não, portanto, você não pode assumir um compromisso para o futuro; E assim como
o casamento é um compromisso que estabelece condições para o futuro, uma mulher
pode transformar-se em gorda e feia ou adoecer e tornar-se leprosa, uma coisa realmente horrível! mas
o compromisso continua, uma mulher pode até ser infiel e deixar seu marido, mas
o compromisso continua, porque o compromisso não estabelece condições para o
futuro; da mesma forma que você pode não gostar de seu superior, ou de seu
parceiro ou de seu destino ou de seu trabalho, mas o compromisso continua para
sempre, você pode até ver suas próprias misérias nas pessoas ao seu redor, mas
o compromisso continua sempre. Ser fiel, portanto, à natureza, propósito,
espírito e caráter de cada Instituto, bem como a suas sólidas tradições, que
constituem o patrimônio do Instituto e são descobertas na mente e nos planos do
fundador, conforme expresso em 578. Isso é o que nos faz perseverar na vida
religiosa, no cumprimento dos votos. Bem, se refere a que aconteça o que acontecer, não há
condições para o futuro.
As tradições sadias não são, segundo aqueles que compreendem, os costumes disciplinares, mas os elementos que estabelecem as características do Instituto no decorrer do tempo, e que ajudam os Superiores a expressá-los nos Diretórios. A natureza se refere a se é um Instituto religioso ou secular, clerical ou laico, contemplativo ou dedicado a obras de apostolado; o fim é o propósito do Instituto, seja em relação a Deus ou em relação às pessoas; o fim não é identificado com as atividades concretas, mas é o que é perseguido com as atividades concretas, que podem mudar, de acordo com as circunstâncias locais ou históricas, essas mudanças estão obviamente sempre dentro da mesma linha, portanto, o que significa o cânon 578 sobre a natureza, propósito e espírito, caráter, tradições e patrimônio? uma carmelita não pode ser enviada pela superiora para fazer apostolado em um hospital porque ela tem uma certa natureza, ela tem que ser fiel à natureza; O fim refere-se a como servir a Deus e ajudar as pessoas, mas o fim não é identificado com as atividades concretas, portanto, pode ser que agora o Instituto faça atividades que não foram feitas quando você foi professado, isso pode acontecer, porque as atividades estão mudando, mas o que é preservado é o fim, então você não pode argumentar que quando eu fiz meus votos perpétuos não havia oratórios, (refere-se ao modo de apostolado com crianças e jovens criados por Dom Bosco) não havia Jornadas para os jovens, por exemplo, porque é o desenvolvimento das atividades em vista do fim, es decir, o fin não se identifica com as atividades concretas, senão é aquilo que se persigue com as atividades concretas que podem mudar segundo as circunstâncias do lugar ou das circunstâncias historicas, essas mudancas estarão sempre dentro de uma mesma linha.
O espírito
consiste na maneira como o Instituto se comporta diante de Deus e dos homens e
os sentimentos que animam comportamentos diferentes, indica a espiritualidade,
a maneira de caminhar em direção a Deus, -em tudo isso estamos seguindo,
esclareço, o livro de Helio Gambari, "O religioso"- o cânon não apenas indica
os elementos próprios de um Instituto, mas fala de um vínculo, um dever
obrigatório dos membros a esses elementos, os membros de um Instituto devem ser
fiéis a eles e estes para seu próprio bem, para o bem do Instituto e para o bem
da Igreja. Quando você não é fiel à natureza, propósito, espírito e caráter do
Instituto, e não é fiel às sadias tradições e patrimônio, você obviamente está
se arruinando porque todas as graças de sua vocação estão nessa linha por isso
e não por nada mais, mas você está prejudicando o Instituto e está prejudicando
a Igreja, você tem uma responsabilidade perante o Instituto e uma
responsabilidade perante a Igreja.
O
patrimônio do Instituto é um bem dado por Deus à Igreja, portanto, os membros
têm o dever de cuidar dele valorizá-lo. Por que o Instituto pertence à
Igreja? porque é um bem da Igreja! Por que o bispo tem que respeitar seu
carisma e deixá-lo exercer o apostolado próprio de seu carisma nesta diocese?
Porque é precisamente um bem da Igreja, não é apenas um bem do Instituto,
pertence à Igreja, e é por isso que o bispo é de alguma forma obrigado a
respeitá-lo, mas se é um bem da Igreja, também é preciso ser fiel a este
carisma diante da Igreja, pois de outra forma estará prejudicando a Igreja. Os
membros de um Instituto não são proprietários de seu patrimônio, por exemplo,
se alguém diz: "este é meu Instituto, vou mudá-lo, agora vou me dedicar a
outra coisa", todos votamos, unanimidade não só dos superiores, mas de
cada um dos membros, os 5.000 estão todos de acordo em deixar o Instituto, es decir, os membros estão todos de acordo em deixar de ser contemplativos e passear todos os
dias" É isto democracia? Não!
Porque eles não são os donos do patrimônio, o dono desse patrimônio é a Igreja,
nem mesmo o próprio Instituto pode mudar seu patrimônio; os membros do
Instituto não são os donos do Instituto, o Instituto é algo que pertence à
Igreja. A justa autonomia que os Institutos têm é de fato uma ferramenta para
eles conservarem seu patrimônio, não para mudá-lo, de modo que o Código lhe dá
uma justa autonomia para defender o patrimônio, não para fazer o que você
quiser com ele. Se este dever é abandonado e os membros do Instituto caem em um
modo de vida meramente genérico, a Igreja é empobrecida, isto é algo que é
muito, muito tratado, porque não pode ser, diz a Igreja, que todos os
Institutos comecem a viver uma vida religiosa na qual os Institutos não sejam
diferenciados, e que todos sejam religiosos fiéis à vida religiosa, mas com uma
fidelidade meramente genérica, de tal forma que os carmelitas fiéis à vida
religiosa, os claretianos fiéis à vida religiosa, mas não há diferença entre um
e outro, se não há diferença é porque nenhum deles é fiel à sua especificidade,
e se não são fiéis à sua especificidade deixarão de ser fiéis à vida religiosa
e, além disso, tirarão a riqueza da Igreja; O abandono do próprio carisma e da
vida religiosa em geral é um problema atual que a Santa Sé advertiu, por
exemplo, em um documento da CIVCSVA de 1994, intitulado "Vida Fraterna em
Comunidade", que diz o seguinte "A este respeito, foram apontadas
algumas situações que em alguns anos prejudicaram e em algumas partes ainda
prejudicam algumas comunidades religiosas: a modalidade indiferenciada, ou
seja, sem a mediação específica de seu próprio carisma", - ou seja, se
todas elas são freiras velhas, cada uma em seu próprio mosteiro, não têm mais
escola, não têm mais hospitais, não têm mais nada e estão todas vivendo, fazem
a mesma coisa! Em outras palavras, todas se levantam ao mesmo tempo, rezam
e vão a dormir, e o que dizer de seu próprio carisma? não sobra nada! é a
modalidade indiferenciada, sem a mediação específica de seu próprio carisma. "Ao
considerar certas indicações da Igreja particular ou certas sugestões
provenientes de diferentes espiritualidades..., vocês percebem o que a própria
CIVCSVA diz?, que a vida religiosa se leziona, porquê os Institutos se tornam
indiferenciados, e por quê? porque não respeitam seu próprio carisma! E
porque eles se tornam indiferenciados sem respeitar seu próprio carisma? Porque
"certas indicações da Igreja particular", ou seja, indicações que vêm
de fora para o Instituto, genéricas ou "certas sugestões vindas de
diferentes espiritualidades", quando começam a dar conselhos de fora que
nada têm a ver com seu carisma, tornando todas as congregações absolutamente
uniformes, que arruínam a Congregação e fazem todas as monjas iguais.
Esta perda
de carisma vem por várias razões, -continuo lendo o documento da CIVCSVA-:
"Uma forma de pertencer a alguns movimentos eclesiais que expõe alguns
religiosos a fenômenos ambíguos de dupla identidade... como um religioso que
pertence a uma congregação religiosa, mas que também se torna membro de um
certo movimento ou algo assim, por exemplo, uma religiosa Servidora que faz apostolado em
uma paróquia em um grupo escoteiro e se torna escoteira (talvez isto não seja
um exemplo, porque isso não transformaria tanto, mas pode acontecer que uma freira se entusiasme muito com a ideia de se transformar em escoteira). Outra causa: 'uma certa acomodação à natureza própria dos
leigos, nas relações indispensáveis ou muitas vezes frutíferas com eles,
especialmente quando são colaboradores, por exemplo: você tem diferentes
congregações que ajudam na paróquia ou têm apostolado na diocese ou trabalham
em algum lugar... ou ajuda a uma Instituição e todas essas colaborações que
têm com os leigos, muitas vezes fazem com que as religiosas se separem de seu
próprio carisma e caiam na indiferença, e desta forma, em vez de oferecer o
testemunho religioso como um dom fraterno que serve de fermento à sua
autenticidade cristã, se tornam como eles, assumindo suas formas de ver e
agir, reduzindo assim sua contribuição específica para sua própria Congregação;
outra causa: "Uma excessiva condescendência às exigências da família, aos
ideais da nação, da raça, da tribo, o que implica o perigo de orientar o
carisma para posições e interesses partidários", porém, a guarda do
patrimônio pode forçar uma saudável adaptação do mesmo, É lógico que se é preciso
ser fiel à mente do fundador, é preciso saber adaptar o próprio Instituto, ou
seja, ser fiel à mente do fundador é, o que o fundador faria com esse mesmo
carisma hoje, aqui, para nós isso é fácil, mas imagine uma congregação que tem
500 anos. Isto é indicado em "Perfectae Cariatatis, 2" e
"Evangelica Testificatio, 51"; no primeiro caso: "A adequada
adaptação e renovação da Vida Religiosa compreende ao mesmo tempo o contínuo
retorno à fonte de toda a vida cristã e à inspiração original dos Institutos e
a acomodação dos mesmos às condições alteradas dos tempos", perceba que
tudo isso é um jogo, é necessário retornar à inspiração original e ver os
tempos atuais, Esta renovação deverá ser promovida sob o impulso do Espírito
Santo e a orientação da Igreja, é para o bem da Igreja que todos os Institutos
têm seu próprio caráter e finalidade, portanto, o espírito e a finalidade dos
fundadores, assim como as sadias tradições, devem ser conhecidos e fielmente
preservados, pois tudo isso constitui o patrimônio de cada um dos Institutos.
Portanto, é necessário adaptar-se aos tempos, obviamente, mas sempre
preservando.
No
Evangelho Testificatio, 51: "Para renovar-se, a vida religiosa deve
adaptar suas formas acidentais a certas mudanças que afetam as condições de toda
a existência humana com rapidez e amplitude crescentes", é necessário
adaptar-se, isto é, mas como chegar a isto mantendo a forma estável de vida
reconhecida pela Igreja, mas através da renovação da vocação autêntica e
integral de seus Institutos, pois um ser que vive a adaptação ao seu ambiente
não consiste em abandonar sua verdadeira identidade, mas em fortalecer-se
dentro da vitalidade que lhe é própria". Então é precisamente quando você
percebe que está em um momento de adaptação que você tem que voltar às fontes,
e quanto mais você tem que tranquilizá-las e dar-lhes a força para viver esta
adaptação em fidelidade às suas raízes.
***
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