O IVE e o Fundador Carlos Buela
Agradeço àqueles que enviaram felicitações pela primeira parte deste escrito, também agradeço àqueles que me insultam, é sempre bom ter pontos de vista diferentes.
Isto era muito comum no seminário. Eram escarnecidos aqueles que davam uma opinião que contradizia seriamente o que um superior dissesse ou fizesse. O medo, a instrumentalização da opinião, inclusive, fazia justificar condutas ilegais ou abertamente opostas à caridade cristã. Por exemplo, abrir as correspondências do Padre José Antonio Rico, Comissário Pontifício, quando este residia no seminário. O encarregado de recolher as cartas para enviá-las ao seu destino, levava as cartas do Padre José Antonio Rico, aos superiores antes de despachá-las. As cartas eram abertas, copiadas e lidas para ver que tipo de informação o Padre Rico estava enviando à Roma. Naquela época, quando alguns começaram a "formular" objeções de consciência a respeito desses comportamentos, então imediatamente fizeram circular frases como: “em tempo de guerra não há leis”... ou simplesmente humilhavam quem estupidamente criticasse esses tipos de ações. Se dão conta do quão sério é isso?
As características do Bullying se aplicam a muitos dos comportamentos observados tanto no Fundador como nos Superiores do IVE.
a) Geralmente inclui provocações, ameaças, agressões físicas, isolamento sistemático, etc. Como comentou Slumdog (5 de junho de 2010 às 17h42) e o descreve de uma forma mais graciosa do que eu: As zombarias, as ironias, as humilhações são técnicas do monstro manipulador por excelência. É muito simples, às vezes elogia e mitifica, (Fulano de tal é um gênio... fala fluentemente o inglês.... quando apenas sabe pronunciar algumas palavras...) outras vezes, destroza publicamente a fama alheia. Desta forma, o monstro torna-se uma espécie de medida dos demais, do que cada um é aos olhos dos outros. Quem é fulano? O que o monstro diz ser. E quem é Ciclano? O que o monstro diz que ele é. Qualquer homem tóxico que quer seduzir uma garota faz a mesma coisa, por um lado a elogia e por outro critica, mudando lentamente o eixo pelo qual a pessoa seduzida é governada da realidade para a sua própria pessoa, deste modo, o monstro, se converte na Gestapo administrativa da fama dos demais. Desafio o mais furioso defensor do IVE a me responder se é possível ser alguém importante dentro do IVE sem a mitificação e os elogios de Buela. UMA IMPOSSIBILIDADE ABSOLUTA.
b) O bullying tende a causar problemas que se repetem e se prolongam por um certo período de tempo. De novo! Outro comissário? Outra desobediência? Uma nova armadilha? E agora quê? É o episcopado argentino que nos persegue! E o Cardeal O'Malley, então, ele não é argentino ou Monsenhor tal...? São uns mal carácter!
c) O bullying é geralmente provocado por uma pessoa, apoiada por um grupo, contra uma ou mais vítimas indefesas. (Ver comentário: 2010/06/05 às 13h52). Aqueles que são tachados de diferentes, que não se juntam ao bando, que tomam banho mais vezes ou que pensam um pouco diferente, são marginalizados através de uma zombaria cruel, que muitas vezes é encorajado pelo próprio Fundador. Lembro-me dos primeiros anos, quando o padre Buela morava no seminário, da zombaria grosseira a que vários seminaristas foram submetidos, por exemplo, Marcelo V., que saiu nos últimos anos.
Aqui poderíamos mencionar o primeiro Superior Geral do IVE, o Padre José Luis Solari. Buela o elogiou, divulgou que ele era um excelente candidato para substituí-lo como Superior Geral (SG), eleito por unanimidade: Bravooo! Que colegialidade admiravelmente homogênea! Mas... de, 'bom candidato a Superior Geral’ na boca do Fundador, depois de alguns desacordos com ele, passou a: "coitadinho enlouqueceu", "perdeu a cabeça, agora tem visões", etc.
d) O bullying se mantém devido à ignorância ou passividade das pessoas que estão mais próximas aos agressores e às vítimas sem intervir diretamente. E as razões para a passividade é o medo, porque opor-se seria tornar-se outra vítima também. Com o tempo os cúmplices, a “gangue”, também se tornam apáticos, cruéis, perdem a sensibilidade para o mal que é produzido. Os abusos a que o Padre Rico, Comissário Pontifício, foi submetido eram para os superiores algo engraçados, já não causavam remorsos de consciência.
e) A vítima desenvolve medo e rejeição do ambiente em que sofre a violência; perda de confiança em si e nos outros e diminuição do desempenho psicológico e intelectual. Como o IVE está associado à Igreja Católica, muitos ex-IVEs sentem rejeição em relação à Igreja ou simplesmente a olham com desconfiança; e há aqueles que não querem nem mesmo falar de suas experiências passadas no IVE.
f) A capacidade de compreensão moral e de empatia do infrator é diminuída, e é ainda reforçado de modo mais violento. Maltratar o Comissário, abrir suas correspondências, que é um delito, era inclusive visto como algo que estava bem.
Os membros do IVE são obrigados a obedecer a seus superiores em tudo o que a igreja ordena, mudanças de destinos, formas de fazer as coisas, guardar segredos, abrir correspondência de outras pessoas, etc. Desobedecer tem sérias consequências… Entretanto, Carlos Buela foi enviado sob obediência para viver no Equador e não sair de lá... Ele obedeceu? Ha ha, claro que não! E quando o Rev. Elvio Fontana foi questionado sobre se foi desobediência, elaborou umas distinções Gardelescas, típicas de um romance de Tolkien... oh certo, está proibido ler Tolkien… Dito por quem???
g) As pessoas que observam a violência sem fazer nada para impedi-la, acabam por ser insensíveis, apáticas e atuam com falta de solidariedade. Em poucas palavras se tornam cruéis.
Conheço o caso de um padre do IVE, natural de San Rafael, que foi designado para os Estados Unidos e, depois de um tempo, “começou a não estar bem”. O Instituto o enviou à Itália e, enquanto estava lá, ele decidiu deixar o Instituto. Não lhe foi permitido. Ele teve que contatar com seu pai às escondidas para que pudesse pagar sua passagem, assim escapou da casa religiosa no meio da noite. (testemunho compartilhado 2010/06/05 às 13:52h)
O abuso produz medo que causa paralisia ao tornar a gangue cúmplice, e ao mesmo tempo a submete à vontade do superior, dizendo assim ser fiéis à graça de permanecerem unidos ao Fundador. Também produz uma incrível dependência na formação de julgamentos sobre pessoas e coisas. Em geral, uma pessoa ou coisa é julgada como boa ou má pelo que diz o superior.
Continuará… (a última parte sobre, 'Como cair em desgraça com os superiores' e se acaba).
Ver original em Chat de Café
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