Prezados senhores da MDZ:
Com enorme surpresa e dor para minha alma recebi ontem a notícia de um Comunicado oficial que as autoridades do Instituto do Verbo Encarnado emitiram sobre o caso de um abuso sexual sofrido por mim quando eu era apenas uma criança no Seminário Menor daquela instituição (ano 1997).
E digo que o recebi com surpresa porque, mais uma vez e cinicamente, mentem:
- É verdade que, como diz ali, o processo está atualmente nas mãos da Santa Sé, mas nunca estaria lá se eu mesmo não tivesse denunciado no ano passado esta aberração que teve sérias conseqüências para meu sacerdócio. Ou eles estavam esperando que o estatuto de limitações expirasse?
- Diz-se ali que entendem e acompanham minha dor, mas infelizmente nunca me pediram perdão (neste comunicado isso também não é feito) nem me deram os meios psicológicos, espirituais e materiais para poder carregar esta pesada cruz. Só agora, com a ajuda de minha família e do Bispo Taussig (Bispo de San Rafael) tenho conseguido avançar pouco a pouco e, graças a Deus, manter a Fé sem ressentimentos.
- Tambem foi dito: não se conhecem denúncias de vítimas menores do fundador do IVE, mas há mais de uma dúzia de casos com adultos absolutamente vulneráveis (porque eram seus súditos, diretores espirituais, etc.) pelos quais ele foi punido pela Santa Sé, embora hoje alguns superiores do IVE ainda o neguem ao público.
Aqueles que denunciaram os casos de abuso ou assédio sexual por parte do Padre Buela foram marcados como murmuradores, caluniadores, que quebram a paz, obsessivos, traidores, etc.
- Por fim, também é assinalado que o IVE deseja otimizar ainda mais as normas e procedimentos adotados pela Santa Sé para prevenir e julgar estes casos e para proteger todos os menores e adultos vulneráveis de tais crimes aberrantes; não é este o caso. Aqueles que denunciaram os casos de abuso ou assédio sexual por parte do Padre Buela foram marcados como murmuradores, caluniadores, que quebram a paz, obcecados, traidores, etc.; eles até foram contra algumas das famílias das vítimas causando-lhes danos irreparáveis em fama, honra e até propriedade, deixando até mesmo aqueles que não estavam alinhados sem trabalho. Isso é proteger ou atacar esses adultos vulneráveis?
O IVE tem claramente um modus operandi que é nefasto nestes casos: a imagem da instituição deve ser protegida a todo custo e, sobretudo, a do fundador. Será que não aprendemos nada com o caso Maciel? A estrutura é priorizada sobre a pessoa; a informação é escondida; a obediência é apelada para silenciar os sujeitos; meias verdades são ditas e a contenção mental é usada incorretamente, ao ponto de mentir. E eu me pergunto: se o fizeram com o Pe. Buela, por que não o fariam com o resto dos casos como aquele que eu sofri?
Se todos os meios tivessem sido disponibilizados, eu não estaria escrevendo isto, nem vários dos jovens padres abusados pelo Pe. Buela teriam deixado o IVE ou o sacerdócio.
Na esperança de que seja feita justiça, aqui em baixo e ali em cima, espero que este texto seja publicado em nome da verdade.
Luis
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Como sempre se negam a qualquer comunicado em público.
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